sábado, 31 de janeiro de 2015

MAIS UMA SURPRESA?

Nem o maior entusiasta e ufanista dentre todos os torcedores qataris poderia prever isso. Digo mais, nem ele teria 100% de fé que o Qatar seria um dos dois finalistas desse domingo. Uma seleção montada, sem nenhuma tradição, feita de refugos de outros países (excessão feita ao grande goleiro Saric). Esse é o resumo do time que hoje se encontra às vésperas de disputar o título mais importante do Handebol mundial.



Muitos acham que o Qatar chegou longe demais. Que já deu o que tinha que dar. "Vai ser um passeio da França" "Eles não vão ver nem a cor da bola". Pois é, cada um pensa o que quiser. Porém os caras estão lá e vão fazer de tudo para sair de quadra com o caneco. E digo mais: se para cada vitória era oferecido US$40.000,00, quanto vale esse título para os donos do petróleo?

Dizem também que o Qatar tem contado muito com o 8º e 9º jogadores em quadra. Haja visto que a arbitragem tem sido um tanto tendenciosa para os donos da casa. Porém, preferimos ser mais românticos, mais puristas e acreditar que são 7x7.




Dadas essa circunstâncias, vamos aos fatos:

A França sente muito a ausência de Luc Abalo na ponta direita. Porte tem jogado até que bem (sendo bem bonzinho) Porém, está anos luz de ser o melhor ponta direita do planeta. Narcise não vem apresentando a mesma regularidade de outrora. Acontece que essa "falta" de qualidade no ataque é compensada pela defesa. Sinceramente a melhor defesa que já vimos jogar. Compacta, forte, calma, entrosada e que conta com um último recurso que, francamente, vem fazendo a diferença em todos os jogos: Omeyer. Repare bem: quando a defesa dá espaço para chutes de fora, Omeyer faz a festa. Com isso, a França força o oponente a tentar penetrações. Nessa hora, encontram verdadeiras pedreiras à frente,  que os forçam a cometem erros, andar, perder a bola. Resumindo, atacar contra a França é um verdadeiro teste de força, não só física mas principalmente psicológica.





Do outro lado temos uma equipe não tão regular. Fez um jogo de estreia apertado contra o Brasil, jogou pau com Espanha, e ganhou por pequena diferença todos os outros jogos. Um time raçudo, forte fisicamente, repleto de jogadores experientes, e que assim como a França, contam com um excepcional goleiro. Saric já foi MVP de 3 partidas e foi fundamental para que os Qataris chegassem a essa final. Alto, rápido, com uma leitura primorosa, o goleiro mostra a cada defesa que não está ali apenas para ganhar dinheiro.




Se analisarmos os conjuntos, Saric é muito mais decisivo para o Qatar do que Omeyer para a França. Porém nas duas últimas decisões que disputou por seu clube, não foi bem. Certamente isso pesa. Resta saber o que ele fará com esse sentimento: se é esmagado pelo peso de mais uma final ou se isso o impulsiona na busca pela redenção.


Resta saber como Valero Rivera movimentará suas peças nesse xadrez de técnicos. Caso marque forte o lado esquerdo e "deixe" o direito jogar, aí meu amigo, o caldo engrossa, e não é pouco.


  



Quem joga handebol há mais tempo sabe que não existe muita lógica nesse esporte, que as estatísticas enganam, e que a palavra final, tem um peso muito grande principalmente para os mais novos. É quando o mocinho perde do bandido. É quando o coração e a raça falam mais alto do que o nome que cada atleta carrega nas costas. Nossa única certeza é que será um jogão. E que vença o melhor handebol!


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O MURO OMEYER

Posso estar enganado, mas sai com a sensação de que esse jogo não deveria ser nesse momento do campeonato. Com certeza são as duas melhores equipes do mundo. 

Sem grandes novidades, Espanha a atual campeã mundial e França, atual campeã olímpica, chegaram a essa final invictas e protagonizaram uma verdadeira aula de handebol. Definitivamente, o melhor esteve em quadra hoje. As formações foram as esperadas, todos se conhecem dos clubes e das ligas europeias. Como apresentar algo novo e que surpreenda o adversário?



O duelo começou com o lado esquerdo francês tentando se virar de qualquer jeito contra um 6:0 bastante agressivo por parte da Espanha. Era um verdadeiro bombardeiro de Narcisse e Karabatic contra a defesa espanhola. E quando os hispanos tinham sucesso, Guigu e Sorhaindo faziam a festa dos 6 m. Do outro lado, Espanha cadenciava o ataque contra a quase perfeita defesa francesa, liderados também pelo melhor do mundo, Karabatic.

Quando a Espanha, com paciência e qualidade técnica, conseguia transpor a defesa Azul, aparecia um senhor de 38 anos, grisalho, chamado de “Thi Thi” pela torcida. Ele mesmo, minha gente!! Omeyer ACABOU com o jogo. PEGOU TUDO!!! Bola dos 9, bola dos 6, algunnssss muitossss 7 M, seqüência dos 6 m, a mina que limpa a quadra.... O cara tava demais e saiu como MVP da partida. Bom, não é de hoje que Omeyer simplesmente concreta a baliza e garante as vitórias para seus times. Parece que o cara não tem dia, esta sempre inspirado. Não sei o que passa na cabeça dos atacantes quando encontram-no pela frente. Eu que não queria estar na pele deles, (queria sim)!



A Espanha bem que tentou, conseguiu articular bem os ataques, roubou bolas,  não deixava a França se distanciar no placar, mas não conseguia empatar a partida. Na verdade mesmo, a França sobrou em quadra. Sempre com muita maturidade e experiência foi arrastando o jogo e trocando gols até o minuto final. Se bem que o Barachet deu alguma emoção à partida, errando passes, finalizações, tomando fintas e saindo 2 min, equilibrando a partida.  Mas mesmo a França jogando “com um a menos”, conseguiu levar o jogo com muita consistência. Isso mostra a diferença técnica de alguns jogadores Azuis.




Placar justíssimo, para um time que enche os olhos de quem ama o handebol e espanta os novos curiosos. Sempre muito bom ver a França jogar. 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

DUELO DE TITÃS

Quem é melhor, Jordan ou Magic Johnson? Neymar ou Messi? Senna ou Schume? Essas perguntas geralmente você já se fez algum dia.



Talvez se perguntarmos qual dos times é melhor, Espanha ou França, dividiremos opiniões. Ainda mais por serem duas equipes com estilos e proposta de jogo completamente opostas.

Vamos brincar um pouco:

Selecionamos 5 itens que a nosso ver, são primordiais para um time sair vencedor da partida. Obviamente que vamos qualificar de forma subjetiva, pois há fatores intangíveis e dependem muito do momento do jogo: Vamos lá!!

França:
Quantidade de craques: 4
Nota goleiro: 10
Constância no mundial: 7
Jogo coletivo: 6
Banco: 7

Espanha:
Quantidade de craques: 2
Nota goleiro: 7
Constância no mundial: 9
Jogo coletivo: 9
Banco: 8

Total: França 34 x 35 Espanha. Espanha finalista!!!!



Brincadeiras a parte, será um jogo de muito respeito e estudo. Ambos os times tentarão levar a partida para os minutos finais. Os azuis têm um lado esquerdo fortíssimo com Narcisse e Karabatic revezando na meia e ainda contam com um reserva de luxo: Accambray. Já o lado direito, com a ausência do polivalente Abalo, a França perde potência de finalização e 1vs1, Barachet parece que foi criado pela avó e Porte não passa de um regular jogador com bom aproveitamento. Tem o melhor goleiro do mundo, ou pelo menos um dos. E a mesma coisa acontece com o pivô do Barça, que serve muitas vezes como desafogo.  Esse time joga junto há muito tempo e ainda está reforçado com alguns garotos muito bons (Mahe e Grebille). Que não deverão pisar na quadra nessa semi. 



A Espanha, por sua vez, tem um time sem grandes estrelas. Olhando hoje para o time espanhol não consigo falar: “Nossa, esse cara é um animal”, tirando Cañellas e Aguinagalde, vai!? Tem 2 goleiros abaixo da média dos grandes internacionais. Dois pontas não geniais, mas muito efetivos. O Central Entrerrios, que apesar de parecer que está sempre com cara de sono, tem uma excelente leitura tática da partida e um meia direita raçudo, mas com pouca qualidade técnica. 
Ouvindo isso, até parece que a Espanha é a grande surpresa do Mundial. Longe disso. Os espanhóis conjunto e uma disciplina tática invejável. Muito constantes e aguerridos, conseguem jogar com qualquer seleção e a qualquer vacilo, podem abrir uma boa vantagem e garantir o resultado.

Como será que chegam para esse embate? Espanha cansada ou motivada? França confiante ou de salto alto? 

Não há realmente como prever um placar ou mesmo a vitória de um ou de outro. O que podemos cravar é que não podemos perder esse confronto.


Quem levará? 

PRIMEIRO NÃO EUROPEU EM UMA FINAL?



No dia 15 de janeiro, aposto que ninguém cravaria Polônia e Qatar como uma das semifinais do Mundial de 2015.

Os europeus conseguiram passar pelo grupo da morte em terceiro, após confrontos bastante duros. Nas oitavas enfrentaram a Suécia, seleção que jogava um excelente handebol na competição. Deu Polônia. Na sequencia, o clássico do leste contra a sempre favorita Croácia. Szmal fechou o gol em momentos decisivos da partida, terminando o encontro com 35% de defesas, definindo o resultado a favor dos poloneses. No ataque, o experiente Mariusz Jurkiewicz é o dono da equipe. Com 32 anos e passagens por grande clubes europeus, o lateral foi determinante nas quartas.




Ambas as equipes possuem defesas 6:0 muito fortes fisicamente, que não perdoam os ataques sem qualquer contato.  Curiosamente, a seleção qatari é a primeira no ranking de fair play, sendo o time que recebeu menos punições de 2 minutos pela arbitragem em todo campeonato: apenas 21 exclusões. Os asiáticos, se é que podemos chama-los assim, fizeram um tremendo primeiro período contra a Alemanha, ganhando por 18 a 14. Na segunda metade, quando os germânicos se aproximavam do placar e amaçavam voltar ao jogo, a arbitragem interpretava situações duvidosas a favor da seleção de Valero Rivera. Com um Saric absurdamente inspirado, o Qatar venceu a partida.




Boatos dizem que cada atleta do time árabe está ganhando U$40.000,00 por vitória na competição. Imagino que as conquistas por passarem de fase também devem ser bastante generosas. Rafael Capote, o cubano que se exilou no Brasil em 2007 após desertar da delegação caribenha no pan do mesmo ano nem poderia imaginar o quanto sua vida mudaria de lá pra cá. Capote tem feito um Mundial irreparável até aqui. Um verdadeiro tanque, nas estatísticas acumuladas leva 18 gols da linha dos 9m.



O fato é que essa pode ser a primeira vez na história das Copas do Mundo de Handebol masculino, em que veremos um time não europeu na final. Escrevo essas linhas, meio em dúvida. Será mesmo um time não europeu? Montenegrinos, bósnios, franceses, espanhóis. O dinheiro do petróleo mudou o tabuleiro do panorama mundial da modalidade. Montou um time de mentira que está à beira de fazer a final da competição mais importante do planeta. Esperamos que ao menos, a vaga seja decidida justamente dentro da quadra. Que a Polônia não seja garfada pela segunda vez por um dono da casa. Que não se repita a duvidosa arbitragem da final do Mundial 2007 a favor dos anfitriões. 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

EL TORO CAÑELLAS COLOCA ESPANHA NAS SEMIS



Teste para cardíaco! Sem duvida o nosso esporte é o mais bonito de todos por jogos como esse! Emoção, alternância no placar, lances de efeito. Teve de tudo em Dinamarca e Espanha.

Muito equilibro na primeira etapa do confronto. As duas defesas apresentavam propostas parecidas. Ambas com 6:0 bastante compactos, com os segundos marcadores tendo liberdade para sair em linha de passe. A Espanha teve extrema dificuldade de atacar no bloco defensivo dinamarquês comandado por Toft Hansen (Kiel). Os armadores a todo momento tentavam a conexão com Julen Aguinagalde (Kielce), tática já manjada pelos adversários da equipe de Manolo Cadenas. Mesmo com os passes para pivô sendo bastante marcados, Aguinagalde com todo seu potencial físico e técnico ainda conseguiu arrancar alguns 7m. O desafogo da Espanha ficou por conta de seus dois grande jogadores do Mundial até aqui: Joan Cañellas e Jorge Maqueda. Cañellas com seu jogo simples mas muito eficaz, surpreendeu a todos com sua técnica. Mesmo pulando dos 9m, com bloqueio à frente, o lateral do Kiel foi capaz de retificar o chute e tirar Landin (Lowen) da bola. Do outro lado da quadra, Jorge Maqueda brincou com a marcação de Hansen (PSG). O lateral do Nantes atropelou com sua forte trajetória para fora e foi fator de desequilíbrio na primeira etapa.



Pelo lado nórdico. Eggert (Flensburg) foi o grande destaque. Com seu festival de recursos no posicional e no 7m, o ponta foi perfeito até que o goleiro Gonzalo Perez de Vargas (Barcelona) parasse um de seus tiros na linha penal, em uma tentativa de vaselina. Na metade do primeiro tempo, a Espanha alterou sua defesa, colocando um 5:1 bastante agressivo com Ugalde (Vezsprem) no avançado. Mikkel Hanssen totalmente apático nos 30 minutos iniciais, foi marcar seu primeiro gol no encontro a dez segundos do apito do intervalo, colocando igualdade no placar 11 a 11.

O melhor jogador do mundo em 2012 começou o segundo período decidido a mudar essa quadro. Antes dos 10 minutos, Hansen já havia feito 4 gols, soltando o braço dos 9m e colocando a Dinamarca novamente forte no jogo. O camisa 24 teve a companhia de Mads Mensah, o jovem lateral do Lowen foi para o um contra um, e não deixou a Espanha abrir o marcador, terminou com 4/6.



Com Valero Rivera inspirado da linha do 7m e por vezes fazendo o segundo pivô, passava a impressão que os Ibéricos tinham o controle do jogo. O ponta do Nantes foi o artilheiro do encontro com 10 gols de 11 chutes. Monstro!

O fim do jogo foi eletrizante. A 15 segundos do final da partida, com o placar empatado, Manolo Cadenas pede tempo para organizar a jogada derradeira da partida. E a definição não poderia ser através de outras mãos que não a de Joan Cañellas. O melhor jogador da competição até aqui,assumiu o centro após um X de Entrerrios e Aguinagalde, e com uma diagonal fortíssima, largou o braço pela lateral direita do bloqueio. A bola morre no curto baixo, sem chance para Green. 25 a 24 para a Espanha. O camisa 21, terminou com 5/7 e como grande herói do jogo.



Não havia tempo para mais nada. Festa latina em Doha. Os escandinavos mais uma vez não conseguem superar um confronto contra uma grande seleção mundial. A pesar de seu jogo extremamente técnico, o ataque ainda depende muito do braço de Hansen (6/11 na partida). A responsabilidade na parte ofensiva precisa ser compartilhada. Mensah pode ser esse nome, mas ainda sinto falta de um lateral direito mais qualificado.


Dois gigantes, favoritos ao título se encontram nas semifinais em um confronto cheio de rivalidade. A França chega mais inteira, após dois jogos eliminatórios menos desgastantes com Argentina e Eslovênia, em que Claude Onesta pode utilizar todo seu plantel. Os espanhóis estão com a moral na lua depois dessa grande partida nas quartas. Final antecipada e um jogo que será decidido na defesa, principalmente pelos goleiros. 

O sonho do tri campeonato está vivo para Los Hispanos, porém terão nada mais nada menos que Les Experts pela frente. Não da nem pra pensar em perder essa partida. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SUPREMACIA OU REDENÇÃO ?

Fazendo uma reedição da última final do mundial, Espanha e Dinamarca encontram-se novamente, e dessa vez a briga é por uma vaga nas semi finais. Duas escolas completamente diferentes. Espanha com um handebol de trajetórias perfeitas e permutas (mudança de posições) à todo momento, vem dominando o cenário internacional. A única baixa no elenco é justamente uma das mais sentidas. Ninguém mais ninguém menos que o grande goleiro Sterbik. Logo, responsabilidade e pressão em dobro para os dois goleiros convocados.


Não há como destacar esse ou aquele jogador, mas vamos lá. Nas pontas, os quatro selecionados possuem um aproveitamento invejável, servindo como válvula de escape. O ponta direita e capitão Vitor Tomaz é a cara desse time. Vibrante e aguerrido, é o motor dos contra ataques e finalizações no postado. 




Em cima nos 9 m, Cañellas comanda o ataque. Sempre com aparência tranquila e concentrada, o meia esquerda do Kiel é o coração do ataque espanhol. O gigante barbudo Makeda fica com a responsabilidade de arrastar e tirar os adversários por dois minutos, além de servir o melhor pivô do mundo, Aguinagalde que possui incríveis 86% de efetividade nesse mundial.



Já os nórdicos possuem um handebol de força e muito 1vs1. Sua maior estrela, o meia esquerda Hansen, ainda não se destacou nesse mundial e não vem fazendo um temporada brilhante no PSG, aliás está longe disso. Embora muito bem marcado pelos adversários, ainda consegue fazer com que seus companheiros tenham melhores oportunidades de gol, dando sequência às jogadas. Apesar de possuir um aproveitamento abaixo do esperado, 56%, é sempre um jogador respeitado e com certeza veremos uma marcação mais pesada em cima dele. 




Com o goleiro Landin fazendo um ótimo mundial, com aproveitamento de 31%. Ele é um caso a parte, pois em suas últimas duas finais literalmente não viu a cor da bola. A mais recente final de Europeu, em casa contra a França, saiu no final do primeiro tempo com um aproveitamento de 0% ... isso mesmo!! ZERO !! Sua função era pegar a bola no fundo das redes para a Dinamarca cobrar o tiro de saída.



Será um jogo de duas escolas bem diferentes: a força e o talento individual  da Dinamarca, contra  o padrão tático e a disciplina espanhola.

Será que o goleiro Ladin conseguirá parar o ataque inteligente da Espanha? Será que Hansen finalmente desencanta e se consagra como MVP da partida?



Façam suas apostas!