Brasil 25 x 24 Polônia. Primeiramente vamos desmistificar a
vitória. Não foi um surpresa de outro mundo. Sabíamos que seria difícil, que
seria um jogo duro, mas não seria impossível.
Dizer isso parece loucura, mas não é. Pelo trabalho construído por
Jordi desde 2012 quando voltou a seleção, era questão de tempo vencermos uma
equipe do primeiro escalão mundial. O handebol que o Brasil apresentou nesse
torneio foi de encher os olhos. Esses 6 atletas juniores que estão servindo a
seleção são verdadeiras promessas/realidades que devem ser esculpidas pelo
Jordi com muita atenção e dedicação (isso ele sabe fazer: tirar o máximo do
jogador). Ainda não contamos na final com Patrianova e Valadão ambos
machucados. O Brasil está renovado desde o mundial realizado em janeiro deste
ano no Qatar, ou seja, os mais velhos deram lugar aos mais novos, que para o
bem da verdade, já estavam naquela época e hoje comprovaram mais uma vez que
estão sobrando em quadra. A molecada já tem o DNA do handebol europeu na veia
misturado com a criatividade brasileira e disso só podia dar coisa boa.
O Brasil começou o jogo um pouco nervoso, cometendo erros
técnicos. Isso proporcionou a Polônia contra-atacar, deixando os europeus em
vantagem nos 5 minutos iniciais. Logo o esquadrão brazuca se recuperou e
mostrou um ótimo volume de jogo.
Depois o que se viu foi um Brasil soberano na defesa, Maik no
primeiro tempo e Rick no segundo tempo não foram excelentes, mas foram ótimos.
E conseguiram parar o ataque polonês em momentos chaves, o que não deixou a
diferença de gols crescer, nos mantendo no jogo. Maik mostrou o que todos já
sabiam: não pode ficar de fora da seleção! A partir do meio do primeiro tempo o
Brasil começou a impor um bom ritmo, com uma defesa forte e uma transição muito
rápida. Destaque para Thiagus na base, simplesmente MONSTRO. Recuperou muitas
bolas, conseguiu forçar erros de passe do ataque polonês sempre fazendo uma
dissuasão precisa. Em nenhum momento dos 60 minutos de partida, os poloneses se
sentiram confortáveis em atacar na agressiva defesa brasileira. A conexão com
o pivô Syprzak foi a ação mais eficaz dos europeus.
Outro destaque foi o nosso central João que arregimentou as
iniciativas de ataque e organizou o nosso jogo. Quando precisou fez muito bem o
1vs1 e mais uma vez foi autor de belas jogadas. Cabe aqui uma menção honrosa a
dois jogadores que foram muito bem. Primeiro, Borges tanto na defesa quanto no
ataque, mais precisamente nos contra ataques Borges conseguiu fazer gols muito
importantes para o Brasil. Ainda precisamos encontrar seu substituto para não
perdermos a intensidade no avançado. Segundo, Zé Toledo que encarou a defesa
truculenta da Polônia com muita inteligência e em vários momentos do jogo o
técnico polonês já não sabia mais o que fazer para marcá-lo. Zé Toledo
alternou bem o ritmo de seus arremessos, às vezes rápido na primeira passada,
às vezes no segundo tempo ainda na fase área, usou diagonal, corredor e fez
seus companheiros de quadra sobrarem atraindo muitas vezes a atenção para si,
por conta disso acabou com 8 gols marcados. Henrique Teixeira também merece uma
menção. Nessa “final” contra a Polônia, além da habitual tarefa defensiva,
executou muito bem a função de central, dando minutos de respiro a João, sem
perder o nível.
O que se viu do Brasil em todo torneio e em especial na final foi
uma equipe que não desesperou mesmo nos momentos em que estava desvantagem,
seja no placar, ou com jogadores a menos. Soubermos jogar os minutos finais que
definem uma partida. Estamos ganhando competitividade. Um pouco do que nos
faltou contra a Eslovênia, jogo chave no Mundial do Qatar. Conseguimos em todos
os jogos e, em especial na final, tirar cada gol de vantagem quando preciso ou
manter os gols para ficar na frente. Vimos nessa equipe uma boa maturidade, com
margem de evolução, o que é ainda mais promissor. Ganhar da Polônia em casa com
toda a pressão que estava no ginásio (6 mil pessoas!) não é pouco. Apenas para
lembrar o time polonês ficou em 3o. Lugar no último Mundial, após bater a
Espanha por 1 gol na disputa de 3º lugar. É um time forte e que está junto
há anos, com craques espalhados pelos principais times do mundo, além de conta
com 1 time, o Kielce, no Final Four deste ano.
Mais um passo dado nesse excelente planejamento comandado por
Jordi Ribera e executado por toda comissão técnica e jogadores. Nós do 7M
Handebol Total assumimos uma posição bastante crítica porque queremos que o
handebol cresça. Na área de seleções, inegavelmente estamos em franca evolução, seja na base, quanto na adulta. Temos mais acampamentos, mais fases de
treinamento, padrão entre as categorias, competições internacionais. O tão
prometido centro de treinamento em SBC irá sair, o que deverá ajudar. O desafio
é, como refletir essa crescente das nossas seleções nos campeonatos nacionais e
na popularização da modalidade?
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